Homossexualismo Masculino e Feminino - parte 01

O homossexualismo consiste na perversão sexual que leva os indivíduos a sentirem-se atraídos por outros do mesmo sexo, com repulsa absoluta ou relativa para os de sexo oposto.
Há, portanto, um homossexualismo masculino (de homem para homem) e um homossexualismo feminino (de mulher para mulher).
O homossexualismo masculino é também chamado uranismo (congênito) e pederastia, embora este último termo rigorosamente signifique amor pelas crianças. Todavia, o uso emprega a palavra pederasta para traduzir o coito anal entre homens. Sodomia ou pedicação é o coito anal com mulher.
A distinção entre pederastas ativos e passivos não é obrigatória. A regra é que as práticas sejam alternadas. Muitos pederastas não chegam ao coito anal; limitam-se ao perineal, à masturbação recíproca, a carinhos no leito.
A perversão nem sempre se denuncia por caracteres identificáveis, mas pela confissão dos uranistas se sabe que eles se reconhecem em toda parte. Houve um que afirmou ser capaz de reconhecer qualquer invertido num batalhão em forma.
Em Paris, durante algum tempo, eles usaram uma gravata verde. Em Bertil, usavam um botão de rosa na lapela.
Alguns invertidos, todavia, em tudo imitam a mulher: casamento, fidelidade conjugal, arranjos domésticos, ciúmes.
Os sinais somáticos da inversão passiva - delicadeza nas formas, exigüidade dos pelos; ginecomastia (seios femininos); nádegas roliças; cintura fina; voz aguda, têm pouco valor: podem faltar nos invertidos e existir em indivíduos sexualmente normais.
O homossexualismo feminino comporta uma tripartição didática: ou as homossexuais se atritam os órgãos sexuais em práticas recíprocas (tribadismo); ou praticam a sucção do clitóris, alternativamente (safismo ou lesbismo); ou se masturbam reciprocamente. A palavra lesbismo deriva de Lesbos, ilha onde antigamente vivia um grupo de mulheres homossexuais chefiado pela poetisa SAFO, que deu origem ao outro nome da perversão - safismo.
A inversão sexual feminina não é rara, mas se traduz de modo menos público que a anomalia masculina correspondente. As homossexuais raramente são apenas passivas ou ativas. Via de regra, mutuam-se os carinhos. "São duas impotentes que se consolam" disse um autor.
Há lésbicas e tríbades casadas, coexistindo a perversão. Algumas, viragos, se impõem como homens, têm ciúmes, dão escândalos, suicidam-se, matam. Entre as lésbicas muitas têm fixação paterna.
A invertida gosta de trajar-se como homem e sente-se homem quando diante de outras mulheres. Aprecia esportes masculinos, usa penteados de homem e tem prazer nas ocupações masculinas.
Motivo freqüente para o homossexualismo feminino é a falta de satisfação sexual no lar ou um casamento infeliz. Nenhum prazer encontra a mulher nas relações com um homem desrespeitoso e brutal.
Na sua infelicidade ela se apega a uma amiga que talvez sofra do mesmo fado. Do sofrimento comum origina-se um pacto feminino, cuja base é a aversão pelo homem.
É muito mais difícil na mulher do que no homem distinguir, nos casos particulares, entre a disposição hereditária para a inversão e o safismo por sedução ou hábito.
Em nossos dias está num crescendo assustador o homossexualismo.
O número de mulheres homossexuais é superior ao de confrades masculinos, pois que inúmeras meretrizes, em suas horas de folga, preferem acariciar a delicadeza natural de outra mulher.
Depois da II Grande Guerra, as ligações de mulheres tornaram-se cada vez mais numerosas, sobretudo nos países europeus.
A educação homossexual nos internatos, e agora nos colégios, favorece a disseminação da anomalia.
Assim, a inversão sexual é um sintoma que pode ter muitas causas diferentes, podendo ser classificados ou invertidos da seguinte maneira:

a) - Os invertidos fisiologicamente determinados, entre os quais a homossexualidade é acompanhada sempre de estigmas físicos: a atrofia dos órgãos genitais e efeminação no homem, com voz aguda, raridade de pelos, tendência à adiposidade, desenvolvimento feminino do sistema ósseo; entre as mulheres - virilismo, compreendendo esqueleto e musculatura de tipo másculo, desenvolvimento excessivo do sistema piloso e voz grave;

b) - Os psicopatas entre os quais a inversão se apresenta como sintoma mórbido: - epiléticos, dementes, idiotas, indivíduos acidentalmente atacados de moléstia cerebral, como a encefalite epidêmica, e, particularmente, os deprimidos ansiosos, que se esforçam por procurar excitações sexuais cujo caráter monstruoso, excepcional, desempenhe papel afrodisíaco;

c) - Os indivíduos que se tornam invertidos pelo acaso da inversão sexual, seja porque sua sexualidade tenha sido precocemente despertada e fixada por experiências sexuais, seja porque o amor do outro sexo esteja ligado a emoções penosas e se encontra, por isso, repudiado. Esses indivíduos são essencialmente emotivos e antigamente confundiam-nos com os histéricos;

d) - Aqueles que encontram na sua paixão derivativo mais cômodo para suas necessidades sexuais e que mantêm esse hábito mais facilmente do que se tivesse que contrair nova adaptação sexual. Aqui nos referimos, sobretudo, às mulheres que, não sendo casadas, acham na homossexualidade derivativo suficiente e se recusam à iniciação normal, cujas primeiras fases são naturalmente sem agrado;

e) - Os viciados, de que fala GLEY, que começam por curiosidade de malsã e continuam por hábito;

f) - Os invertidos profissionais, que praticam a homossexualidade como verdadeiro comércio. São os prostitutos.

FREUD escreveu: "Até hoje nunca fiz a psicanálise de um único homem ou de uma única mulher, sem ter de levar em consideração uma corrente muito ponderável de homossexualidade".
"1 - Homossexualismo verdadeiro (total) - com fixação exclusiva no próprio sexo (3 a 4%);
2 - Homossexualismo pseudo-heterossexual - apresenta certa inclinação pelo sexo oposto, embora tenha preferência pelo próprio;
3 - Homossexualismo pseudo-homossexual - são homens que só na aparência, ou sob condições especiais, sentem-se atraídos pelo próprio sexo. Na realidade preferem as pessoas do sexo oposto;
4 - Bissexualidade - os impulsos sexuais concentram-se nos dois sexos;
5 - Homossexualidade adquirida - a perversão é conseqüência da própria saturação das relações heterossexuais ou está ligada a certos processos regressivos do cérebro ou mesmo à diminuição da virilidade".

Os métodos terapêuticos até agora utilizados são: 1) Os castigos (sem nenhum resultado prático); 2) Hormônios masculinos (inversão do sistema glandular); 3) Castração (eunucos) - extirpação dos testículos; 4) Psicanálise (60% dos homossexuais não desejam livrar-se da perversão).
"As principais características do homossexualismo masculino são: 1) Impotência para contatos com o sexo oposto; 2) Ejaculação precoce; 3) Incapacidade de acariciar o sexo oposto; 4) Tendência à depressão e insônia; 5) Ódio à mulher."
Escreve HAVELOCK ELLIS: "Apesar de possível, dificilmente os homossexuais se curam completamente".
Para GEORGES VALENSIN o lesbianismo é freqüentemente ocasional, raramente permanente. Muitas mulheres, sobretudo na adolescência, receberam os ardores amorosos de uma mais velha, por surpresa ou por curiosidade, sem que surgisse uma vocação homossexual. Mais tarde , a decepção, o receio dos contatos masculinos, podem fazer optar por um lesbianismo habitual e até exclusivo. Uniões entre lésbicas são mais duradouras do que entre homens; a mulher demonstra também, nessa circunstância, tendências à ligação, ciúme, sentimentos ternos e devotamento. O lesbianismo na jovem pode ser uma educação para o erotismo requintado. A sociedade e, às vezes, o marido, são muito indulgentes com a lésbia que não tem perigo de procriar irregularmente. É raro que ela solicite ajuda médica para retornar a hábitos amorosos mais ortodoxos.

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"Medicina Legal" - Prof. Hélio Gomes

25a edição - 1987